Por : Andreia Mendes, historiadora, antropóloga e doutoranda em Ciências Sociais-UFRN. Docente da Universidade Potiguar-UnP e Professora da UFRN.
Lembro da leitura que fiz anos atrás do livro A assustadora História da maldade. O título tinha o objetivo de despertar o interesse, mas de certa maneira nos preparava para uma discussão no campo da moral e ética ao longo do tempo.
A partir desta leitura e de outros materiais que tive a oportunidade de estudar, principalmente sobre história antiga, percebi que a morte de crianças foi uma prática mais comum do que provavelmente a sociedade pós-moderna que vivemos poderia desejar, entretanto, mesmo quando esta prática era institucionalizada, havia uma função social que prescrevia tal tratamento para crianças. A morte se aplicava para crianças com defeitos físicos, órfãos e pequenos transgressores. Muitas vezes era uma morte ritual, uma encenação de um rito de sacrifício.
O crime ocorrido na escola do Realengo, no Rio de Janeiro me trouxe para uma nova reflexão, desta vez, não encarando o ato cometido como perpetrado por uma mente doente e fria, mas pensando mesmo em uma ação coletiva, fruto da omissão da sociedade civil e descaso do estado.
Todos os dias crianças são assassinadas no Brasil. Sejam junto às suas famílias, sejam nas casas de correção, como o CEDUC Pitimbu. Este foi cenário recente de um crime bárbaro contra um adolescente de 13 anos, mas pouco comentado e lamentado pelos meus cidadãos que acompanham ávidos as notícias fabricadas pela mídia sobre as vítimas do massacre do Realengo.
Até quando vamos voltar o olhar para o outro lado do muro e não veremos a sujeira em nosso quintal?
Precisamos de ações organizadas para garantir a todas as crianças brasileiras o direito à vida, educação e saúde. Assim, reduziremos as estatísticas e estaremos construindo um mundo mais seguro de direito e de fato para os filhos do Brasil.
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